O CONFLITO

O conflito entre Israel e os palestinos é o assunto do momento

O conflito entre Israel e os palestinos é o assunto do momento. Todo mundo fala a respeito disso. O que me deixa em dúvida é se todo mundo entende o que está acontecendo. Eu, por exemplo, não entendo nada do assunto, e tenho evitado falar besteira, precaução que adoto sempre nas questões que fogem ao meu entendimento.

Não sou um especialista em nada, mas eu leio a Bíblia, e aí uma suspeita se torna inevitável. Será que os próprios envolvidos sabem os motivos pelos quais estão brigando? Pelo que aprendi das ditas Escrituras, os conflitos entre Israel e os palestinos começaram nos tempos bíblicos, quando o deus do povo hebreu chamou Abraão e o mandou com a família, que era o povo todo, para uma terra prometida, que é a região conflagrada de hoje.

Como bom obediente, o velho patriarca juntou os parentes e seguiu viagem. Tempos depois, quando libertado por Moisés do cativeiro no Egito, o mesmo povo, agora liderado por Josué, acampado às margens do rio Jordão, foi incitado pela mesma voz divina a invadir Jericó, uma cidade dos cananeus. Ali o povo de Javé deveria se instalar. Esse foi um dos primeiros episódios da refrega que dura até hoje.

Israel x Palestinos: GUERRA SANTA, UMA CAUSA ANTIGA

Uma questão importante desse momento é o conceito de guerra santa, que justifica qualquer invasão em territórios alheios. Um povo que se dizia escolhido por um deus recebeu instruções divinas para cometer as maiores atrocidades em nome da fé. No caso de Jericó, há recomendações expressas para que os soldados de Josué invadissem a cidade e passassem todo mundo no fio da espada, inclusive mulheres e crianças. Está lá na Bíblia, Josué, 6:21. Se deus autorizou Josué em Jericó, porque impediria o Netanyahu em Gaza?

Considerando-se que a maioria das pessoas do planeta Terra nunca leu a Bíblia, entende-se o monte de disparates que se ouve diariamente na imprensa e das celebridades, convertidas de última hora em especialistas em assuntos internacionais, leste europeu, causa palestina. Em geral, essas manifestações não vão além da mera opinião subjetiva. Baseada quase sempre em simpatia pessoal por um dos beligerantes. Como numa partida de futebol, em que a escolha de um time preferido é orientada apenas por elementos emocionais. Assim, outra guerra foi deflagrada. Agora a de opiniões. Cada qual querendo marcar mais pontos na gincana das redes sociais.

Israel x Palestinos: A HIPOCRISIA DOS ESTADOS UNIDOS

Entretanto, quem se posiciona levado por motivos mais objetivos são as autoridades dos outros países, com interesses bem específicos no fim ou na continuidade da guerra. O Brasil compareceu no Conselho de Segurança da ONU, com uma proposta de pausa humanitária na região. Uma tentativa de ao menos amenizar as agruras das populações civis na Faixa de Gaza, as que estão sofrendo as piores consequências dos combates.

Eu não sei se essa iniciativa foi um ato de ingenuidade ou de estratégia política do governo brasileiro para angariar simpatias da comunidade internacional. Porque, para mim, que também me atrevi a dar palpite, seria mais do que óbvio que os Estados Unidos exerceriam seu poder de veto para barrar a proposta. O governo americano não aceitaria, em hipótese alguma, abrir mão do protagonismo nas negociações de paz. Ainda que isso signifique o prolongamento da guerra e o consequente extermínio de centenas de vidas inocentes.

O argumento de que Israel tem o direito de se defender é pura hipocrisia, pois, quando não é de seu interesse, os próprios americanos não se preocupam muito com os direitos de defesa dos outros. A questão é que o presidente Biden não consegue o desempenho interno que esperavam dele aqueles que temiam a permanência de Trump no poder e agora se vale dos atritos internacionais. Primeiro na Ucrânia, agora na Palestina, para reconquistar ao menos o apoio internacional.

Só quem não vê isso são os comentaristas políticos dos grandes jornais. Comprometidos com interesses escusos, e que são escalados diariamente para apresentar justificativas para o injustificável.

A guerra, que antes era santa, atende agora a interesses não muito claros. E os torcedores, que assistem a tudo bem protegidos pela distância, se põe aos berros a defender um ou outro discurso, mas, sempre movidos por puro fanatismo.

Uma vista geral do problema é suficiente para perceber que a rivalidade entre aqueles povos não vai chegar a uma solução definitiva. Seja qual for o desfecho da atual batalha. Porque a ganância de alguns governantes estrangeiros que tiram proveito disso também remonta aos tempos primitivos da civilização. E nem os muitos deuses inventados pela fantasia dos homens conseguem erradicá-la.

Foto de Chris Hearn na Unsplash